Será que existe alguma maneira de não ser enganado(a)?
Andei me perguntando isso no caminho de volta para casa hoje, depois de uma audiência de conciliação.
Eu sou publicitária, formada, atuando como diretora de arte desde janeiro de 2008. De acordo com a convenção de 2008/2009 ocupo função técnica sendo diretora de arte. Trabalho honestamente, cumpro minhas obrigações e vou além delas sempre que necessário.
No meu último emprego ofereceram-me para trabalhar R$600,00. Eu falei não, claro. E no desespero da empresa, ela concordou me pagar R$1000,00. Se ao menos isso fosse verdade. Mas não era. Fizeram um jogo sujo comigo. E eu, muito inocente, assinei papéis discriminando que dos mil reais que eu recebia, R$670,00 era meu salário e o resto benefícios. MENTIRA.
Aí eu penso: foi ingenuidade da minha parte? Sim, com certeza. Fui burra, otária se assim puder julgar. Mas o que eu poderia ter feito? Não assinado o papel e ter sido demitida no primeiro mês? Ter reclamado e perder o emprego? Eu precisava daquele emprego, precisava do dinheiro. Não estava satisfeita nem com R$1000,00, mas eu precisava pagar minhas contas.
Assinei o papel. Esse foi meu erro. Papel esse que nem cópia eu tive. E depois da audiência, com o acordo feito, me emputeço (desculpa o termo) com minha inocência e o descaramento dos outros.
SERÁ QUE AINDA EXISTE PESSOAS HONESTAS NESSE MUNDO? OU MELHOR, EMPRESAS HONESTAS?
E O QUE EU POSSO FAZER AGORA?
Acho que nada. Mas posso evitar que aconteça de novo. Fico me perguntando como farei para entrar numa empresa se agora só aceito trabalhar com a carteira devidamente assinada, mesmo em contrato de experiência. Como eu obrigo o empregador a fazer isso no meu primeiro dia na empresa? Eles vão voltar atrás e não me contratar, claro. E como eu obrigo a me pagarem até o 5º dia útil do mês como diz a convenção? E como eu peço aumento? E como eu digo que não vou trabalhar além das atribuições do meu cargo? Como eu arrumo emprego assim? Existe?
Eu queria é brigar mais. Mas do que adiantaria? Mais dor de cabeça? Processar a empresa por não ter pago pelo menos R$827,57 do meu cargo? E como provar que esse era o meu cargo se eu não tinha nenhuma documentação de contrato? Minha palavra contra a deles. E sabemos que nesse país quem ganha são os mentirosos.
Só me resta um ódio imenso. Não pela profissão, mas pela injustiça, pela mentira e falta de ética.
Pela empresa que contrata funcionários com menor salário possível - quando não com o salário ilegal - mente e ainda por cima tem você nas mãos já que o mercado é uma guerra e qualquer vaguinha é ótima, né?
Eu exijo meus direitos. Eu exijo ética. Ética: é o que a publicidade precisa. Não só na relação chefe/funcionário como na relação peça criada/público-alvo.
E eu sei que meu desabafo é desnecessário, é inútil. O que vai mudar? Quem eu vou atingir? Que chefe por aí vai se arrepender e pagar devidamente o ex-funcionário injustiçado e prejudicado? Ninguém.
O que a gente pode fazer para legalizar essa profissão?
Por fim, iniciantes, LEIAM A CONVENÇÃO. SAIBAM DOS SEUS DIREITOS. Senão vão ficar que nem eu, numa enrascada, ganhando mal, trabalhando no pior lugar do mundo, com as piores condições de trabalho, atuando além do meu cargo... e para que? Para ter uma vaga no mercado. Será que vai ser sempre assim?
E agora, que eu li a Convenção inteira: a empresa faltou com umas 20 cláusulas/parágrafos (algumas que podem ser facilmente provadas). E agora? Existe algo que possa fazer?
MENTIROSOS. FALSÁRIOS.
sexta-feira, 3 de abril de 2009
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